No próximo mês de maio, completarei 6 anos na coordenação do Sindicato dos Professores da Madeira.
Têm sido anos fora da sala de aulas como professor, mas por dentro da educação e do ensino como nunca tinha estado nos meus 25 anos anteriores de docência.
Ao contrário do que muitos pensam, não é nada fácil ser professor ou educador; não é fácil fazer uma turma inteira acreditar que a escola abre a todos as portas de um mundo melhor. Porém, ao contrário do que muitos mais pensam, também não é fácil ser sindicalista; não é fácil carregar com os problemas de toda uma classe profissional e fazê-la acreditar que os direitos não caem do céu, antes se conquistam, quase sempre, em longas lutas; não é fácil fazer ver que os direitos profissionais fundamentais são inegociáveis; não é fácil, nos dias de hoje, a vida dos sindicatos, em geral, e dos sindicalistas, em particular.
Na verdade, a opinião pública está repleta de ideias deturpadas em relação à realidade laboral, com tendência a apresentar os sindicatos como organizações cristalizadas num tempo que já não existe, lutando por ideais há muito alcançados e em que já poucos se reveem. Falso, os sindicatos continuam a ser essenciais para o equilíbrio das tensões laborais e para a garantia de direitos que já deveriam estar consagrados,
mas não estão.
É isso o que tem feito, desde 1978, o SPM. É isso o que eu e todos aqueles com quem tive o prazer de trabalhar desde 2015 continuamos afazer. Não podia ter sido de outra maneira, já que, no essencial, os ideais dos fundadores se mantêm vivos e atuais. Na verdade, o Sindicato dos Professores da Madeira, com os seus quase 3000 associados, é um exemplo da importância do trabalho sindical nos nossos dias.Assumindo-se como parceiro ativo e crítico de quem tem o poder de decisão, o SPM tem granjeado a confiança de uma parte muito significativa do corpo docente regional, seja do ensino público seja do ensino privado.
É evidente que esta forma vigilante e desacomodada de desempenhar a missão que nos foi confiada pelos associados incomoda algumas pessoas– sobretudo em meios que nada têm a ver com a educação –, mas os incentivos para continuarmos o trabalho desenvolvido na defesa dos direitos dos docentes e na dignificação de uma profissão reconhecida como essencial para o futuro da humanidade dá-nos força para a candidatura que apresentamos a mais um mandato de 3 anos.
Fazemo-lo porque continuamos a acreditar que
• os valores coletivos são mais importantes do que os projetos e interesses pessoais;
• a luta pelos direitos laborais continua a fazer sentido em pleno século XXI;
• uma grande parte dos professores e dos educadores veem-nos como os seus legítimos representantes e reconhecem-nos capacidade para os
defender profissionalmente.
Candidatamo-nos porque, parafraseando Luiz Goes, entre muitas outras coisas, continuamos a acreditar que “a canção de quem trabalha é um
bem para se guardar” ou que “esta chuva que nos molha é um bem para se guardar”.