Perante a escassez de vacinas, cabe às autoridades ponderar se a educação é ou não um bem fundamental
Felizmente, os números da Covid-19 estão a baixar, rapidamente, abrindo-nos a esperança de um retomar progressivo das nossas vidas normais. Até lá, temos de percorrer um caminho longo, que exigirá muita paciência e a privação de pequenos gestos que, anteriormente, nem dávamos conta da sua importância, mas que, agora, temos consciência de nos fazerem muita falta.
Também a comunidade escolar está desejosa de voltar à normalidade: quem está no ensino à distância deseja, desde já, regressar ao presencial; os que continuaram as atividades nas escolas desejam o fim das barreiras invisíveis, mas sempre presentes no subconsciente, que foram levantadas entre os elementos da comunidade escolar.
Com a queda das estatísticas Covid-19 para números mais tranquilizadores, temos de preparar o regresso de todos à escola, não sendo, para tal, necessário inovar. Na verdade, basta aplicarmos as medidas recomendadas pelos especialistas: respeito pela etiqueta respiratória, mais testagem e vacinação. A primeira já faz parte dos hábitos diários da comunidade escolar; a segunda começa a ser levada a sério pelos nossos governantes; falta definir um plano de vacinação para as escolas.
Infelizmente, disso se tem falado pouco entre nós, ao contrário do que acontece noutros países, como os Estados Unidos da América (o Presidente Joe Biden, defendeu a vacinação dos profissionais da educação no passado dia 16), a Rússia e o Reino Unido, entre tantos outros. Também a UNICEF, em dezembro passado, através da sua Diretora Executiva, Henrietta Fore, se mostrou preocupadíssima com o encerramento das escolas, defendendo a vacinação dos profissionais da educação como uma forma de garantir o acesso à educação por todas as crianças e jovens, o que só se consegue com o ensino presencial. Ao contrário do que acontecia antes desta pandemia, em que alguns acreditavam numa educação sem escolas e sem professores, hoje, poucos têm dúvidas quanto à importância do ensino presencial e do papel dos professores e dos educadores.
Por isso, tal como defende a diretora executiva da UNICEF, urge preparar a vacinação dos profissionais da educação “assim que os profissionais de saúde na linha da frente e as populações de alto risco sejam vacinadas”. Estando a RAM em vias de ter todos os profissionais que contactam direta ou indiretamente com doentes Covid e as populações idosas vacinadas, é o momento de pensarmos noutros profissionais cujas funções implicam contactos com muitas pessoas. Entre eles, estarão, certamente, os professores, os educadores, os técnicos e os funcionários das escolas.
Perante a escassez de vacinas, cabe às autoridades ponderar se a educação é ou não um bem fundamental que deve ser garantido, com qualidade e sem interrupções, a todos os cidadãos, independentemente das suas condições socioeconómicas.
Uma tomada de posição clara do colega Francisco Oliveira. Algo que, infelizmente, não ocorre com todos os Dirigentes Sindicais.