Todo o trabalho feito no ensino à distância poderá ser contemplado na avaliação dos alunos
De entre a avalanche diária de notícias sobre os impactos da Covid-19 nas nossas vidas, houve uma, ontem, que me chamou a atenção: o Ministério da Educação está a reforçar o número de inspetores com o objetivo de evitar que algumas escolas inflacionem as notas finais dos seus alunos com a intenção de os beneficiar no acesso ao ensino superior. O ponto de partida destes inspetores serão as avaliações dos 1.º e 2.º períodos, que servirão como termo de comparação. Sobre esta matéria pronunciou-se o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas, afirmando concordar com esta decisão do Ministério para que haja equidade entre os alunos das diferentes escolas.
Este foi um dos temas abordados na reunião da passada quarta-feira, dia 20, que o SPM teve com o Secretário de Educação, Ciência e Tecnologia (SRECT). Tratou-se de uma reunião pedida pelo SPM para conhecer a posição da Secretaria sobre o regresso às atividades presenciais e para o SPM apresentar as suas propostas sobre o mesmo. Nesta reunião, o SPM não negociou nada com a Secretaria, apenas ouviu e apresentou propostas, nomeadamente sobre a necessidade de serem divulgadas orientações sobre o regresso à escola, sobre os problemas do ensino à distância e, também, sobre a avaliação final. Sobre esta, perguntamos ao SRECT que orientações irão ser dadas às escolas, considerando o SPM que deve haver alguns princípios comuns a todas para que se evitem diferenças que possam criar desigualdades. A resposta foi que o princípio primordial é que nenhum aluno seja penalizado em relação à avaliação dos dois períodos anteriores, ou, no caso de as escolas terem optado pela divisão em semestres, em relação aos resultados do 1.º semestre. No entanto, os alunos podem melhorar a sua avaliação no final, não podem é piorá-la.
Esta posição cautelosa vem ao encontro dos dados saídos do inquérito “Panorama do ensino à distância na RAM” realizado, recentemente, pelo Sindicato dos Professores da Madeira, nomeadamente dos resultados da pergunta 11: “Há alunos/crianças a que não consegue chegar?”. 205 docentes (41%) responderam que não conseguem chegar a alguns alunos ou crianças. É um número astronómico, tendo em conta que estamos a falar de algo que é fundamental para o futuro desses excluídos. Fora do ensino/educação, o seu futuro está ameaçado. Isto deve, evidentemente, preocupar-nos tanto mais que em termos absolutos o inquérito diz que são 1422, tendo em conta só os 502 docentes que responderam. Quantos mais não serão?
Que não haja, pois, dúvidas: todo o trabalho feito no ensino à distância poderá ser contemplado na avaliação dos alunos, desde que a avaliação daí resultante não penalize os alunos. Esta é a forma de evitar que os alunos ausentes do ensino à distância sejam prejudicados.