Por um momento, esqueçamos o COVID-19 e olhemos o mundo, sem as lentes do isolamento. Se o fizermos, veremos facilmente as injustiças que grassavam pelo mundo antes da pandemia e que o ponto do qual partimos para um isolamento, necessário e responsável, não é o mesmo para toda a gente. Afinal, esta pandemia não é democrática. É verdade que pode chegar a toda a humanidade, mas enquanto alguns se protegem do vírus, à espera de voltar à vida “normal” que deixaram lá fora à sua espera, outras/os, confinados às suas habitações, temem a violências e os abusos a que agora não têm como escapar. Uma grande parte, ainda, vive na angústia de não saber se terão emprego no fim desta jornada. Por fim não esqueçamos aqueles que sem teto esperam que a caridade se possa passear, novamente, na rua.
Não, esta pandemia não é democrática, porque surge num mundo pintado de desigualdades, manchado de desemprego, exploração, pobreza, violência, abusos, solidão e abandono, a que tantas vezes são votados os/as mais frágeis da sociedade.
Mas há um espaço que a todos acolhe, que a todos/as concede uma arma de libertação, o conhecimento. Esse espaço é a Escola, que, apesar de todas as feridas que a têm atingido ao longo dos últimos tempos, é o suporte fundamental da sociedade.
O que fazer agora, com esse suporte suspenso, pelo COVID-19
Estamos a caminhar devagar nesta batalha que chegou sem aviso e há muitos caminhos que precisam de ser abertos mas, seja qual for o atalho utilizado, a democracia tem de começar na Escola. Não pode haver obstáculos ao longo de algumas pistas e esperar que todos cheguem à meta.
Termino esta reflexão com a gratidão por todos os heróis anónimos que continuam trabalhando, para todos nós.