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Previsões macroeconómicas de um não economista

A recuperação do tempo de serviço dos professores, ao contrário do que muitos pensam e afirmam, não constituirá uma despesa adicional para as finanças regionais

Quer’eu à maneira dos economistas 
Fazer agora previsões macroeconómicas
E quererei muito acertar nas antevistas
Coisas ainda que para eles antagónicas.

(Parafraseando D. Dinis, rei e poeta)

O ano de 2018 terminou como deveria ter terminado: com a perspetiva otimista de muitos Portugueses quanto ao futuro próximo. Para os docentes da RAM, esse otimismo reforçou-se com a aprovação, no dia 28 de dezembro, do Decreto Legislativo Regional 23/2018/M, que veio consagrar a recuperação dos 9 anos, 4 meses e 2 dias na região. Foi o culminar de uma luta que se iniciou em outubro de 2017 e que contou com a adesão de praticamente todos os docentes, pois estava em jogo a reposição de um direito que, a não ser respeitado, era sentido como uma grande injustiça.

Ora, a recuperação do tempo de serviço dos professores, ao contrário do que muitos pensam e afirmam, não constituirá uma despesa adicional para as finanças regionais, mas, bem pelo contrário, será um enorme investimento que, com pouco capital, poderá levar a uma revolução macroeconómica na RAM. Certamente, serão poucos os que não considerarão excessivas e, até, completamente despropositadas estas minhas palavras. Pois bem, reafirmo-as conscientemente e tenho a certeza de que o futuro fará delas algo bem mais acertado do que a quase totalidade das previsões macroeconómicas dos especialistas. Também não me parecem mais atrevidas do que muitas das previsões que nos habituamos a ouvir de alguns dos nossos governantes ao longo dos últimos anos. A este propósito, tenho, ainda, bem presentes as palavras de um alto responsável da SRE que, há três anos, procurava convencer a delegação negociadora do SPM com uma afirmação cabal e arrasadora: Portugal estava em vias de pedir um segundo resgate e o FMI e a União Europeia já estavam a tratar das condições em que o mesmo seria negociado. Em consequência desse resgate, os salários da Função Pública seriam de novo congelados e tudo voltaria a ficar em suspenso por tempo indeterminado. Pois bem, no futuro, poderá chegar um novo resgate, mas, certamente, não será aquele.

Então, sem medo de errar, prevejo que a recuperação do tempo de serviço dos docentes irá inspirar a recuperação de direitos de outras classes profissionais: médicos, enfermeiros, forças de segurança, bombeiros e tantas outras. Com isso, será injetado (como gostam de dizer os economistas) dinheiro no consumo interno, o que alavancará (esta também é deles) a economia e a riqueza não ficará concentrada nos grandes grupos económicos, para depois ser escondido em paraísos fiscais, que nada contribuem para o bem-estar dos Portugueses, antes pelo contrário. Além disso, o Estado verá, também, os seus cofres bem recheados, já que toda esta malta cumpre as suas obrigações fiscais. Finalmente, a revitalização do mercado interno servirá para animar todos os setores da economia.

Errado? Não! A não ser que os nossos governantes queiram matar tudo à nascença!

Falamos daqui a 6/7 anos.

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