Assinala-se mais um Dia Mundial do Professor neste 5 de outubro. Reproduzimos, em baixo, um texto da direção do SPM difundido no passado sábado, dia em que escolhemos comemorar o Dia Mundial do Professor com os nossos sócios, numa atividade no Parque Florestal do Chão dos Louros.
Chamando a atenção para a necessidade de assegurar aos professores condições de trabalho condignas, ambientes de trabalho seguros, saudáveis e dotados de recursos adequados, confiança, autonomia profissional, liberdade académica, qualidade da formação inicial e do desenvolvimento profissional contínuo, o Secretário-geral da Internacional de Educação, Fred van Leeuwen, sublinha que “É tempo de os educadores de todo o mundo se unirem em defesa da sua profissão e exigirem aos governos que tomem medidas concretas para reforçar o seu estatuto (…). É também uma oportunidade para exigir dos governos o cumprimento das novas metas para a educação, investindo nos professores.”
Esta é uma mensagem que importa relevar, particularmente no caso dos professores portugueses, face às políticas de austeridade que, para além de porem em causa a qualidade educativa e a igualdade de oportunidades, têm vindo a agravar as condições de exercício da profissão docente e a provocar a instabilidade profissional e de emprego de milhares de docentes e investigadores.
12 medidas de resolução imediata a apresentar aos grupos parlamentares e ao novo governo nacional (ver imagem no corpo desta notícia): http://www.fenprof.pt/Download/FENPROF/M_Html/Mid_179/Anexos/Folheto_12_medidas.pdf
—
DIA MUNDIAL DO PROFESSOR, pela Direção do SPM:
Em 1994, a UNESCO declarou o dia 5 de outubro o Dia Mundial do Professor. Este ato pode ser visto como uma decisão sem valor, considerando que há dias mundiais para quase tudo, ou como algo marcante para os professores, em particular, e a sociedade, em geral. Na nossa perspetiva, não há dúvidas: a existência desta efeméride constitui um reconhecimento do enorme valor dos professores e educadores na história da humanidade.
Poderíamos ficar por esta constatação, mas talvez devêssemos aproveitar a comemoração deste dia para refletirmos no que somos como profissionais e no que temos de específico quando comparados com outras profissões, muitas delas, igualmente, com o seu dia mundial. Seremos iguais? Obviamente, não. O que nos distingue então?
A resposta poderá parecer fácil, mas talvez não o seja tanto assim. Talvez as marcas distintivas da nossa profissão não se resumam ao facto de todos os profissionais, independentemente do ramo de atividade, serem o que são devido ao contributo de inúmeros professores ao longo de vários anos, ou seja, ninguém pode prescindir dos docentes na sua formação. Sem dúvida que se trata de uma caraterística que nos enobrece. No entanto, aproveitando a energia deste dia para aprofundarmos a nossa reflexão, será fácil percebermos que há muito mais marcas que nos distinguem e nos engrandecem.
Desafiando todos os professores e educadores a encontrarem essas marcas, e não as querendo esgotar, apontamos mais três que nos parecem incontestáveis:
– nenhuma outra profissão tem como objeto da sua ação o ser humano em construção, em projeto, acompanhando-o desde o berço até à fase adulta, pelo que podemos afirmar, sem falsas modéstias, que os docentes são construtores de futuros;
– os professores e educadores são profissionais interessados, mas desinteresseiros, agindo sempre em função dos interesses das crianças e jovens em formação e nunca em função dos seus interesses individuais; em nenhuma outra profissão há um desprendimento pessoal tão intenso como na docência, já que partilhamos tudo o que sabemos;
– os professores e educadores são ainda uma presença humana fundamental, que nenhuma tecnologia pode substituir.
Conscientes do nosso valor, mas respeitando todas as outras profissões, não nos parece exagerado afirmar que os professores e educadores são os verdadeiros obreiros da sociedade contemporânea e os grandes responsáveis pelo progresso da humanidade ao longo dos tempos.
Valorize-se os docentes e a sociedade progredirá e será mais justa; desvalorize-se os professores e educadores e ela retrocederá.
Canção do semeador
(parafraseando Torga, que dedicou este poema aos poetas)
Na terra negra da vida,
Pousio do desespero,
É que o [Professor] semeia
Poemas de confiança.
O [Professor] é uma criança
Que devaneia.
Mas todo o semeador
Semeia contra o presente.
Semeia como vidente
A seara do futuro,
Sem saber se o chão é duro
E lhe recebe a semente.
(Miguel Torga)
Parque Florestal do Chão dos Louros, 3 de outubro de 2015
A Direção do SPM