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O labirinto burocrático escolar

O desgaste do corpo docente e o crescimento do monstro burocrático são dois dos mais sérios problemas

Agosto vai alto e quente; as férias quase no fim; o ano escolar, à porta. Todos os anos é assim, primeiro, a euforia das férias; depois, a síndrome do regresso.

A cada reinício de ano escolar, os professores e os educadores dão expressão ao mito de Sísifo, recomeçando a caminhada repletos de otimismo e convencidos de que os problemas dos anos anteriores serão ultrapassados. No entanto, a realidade acabará por se sobrepor ao otimismo de quem parte confiante de que está preparado para todas as dificuldades.

É certo que a confiança já alcançou níveis bem superiores, quando as marcas dos anos não estavam, ainda, gravadas no corpo e na mente pelo passar dos anos e quando educar e ensinar eram a essência do múnus docente. Agora, a cada ano que passa, a média de idades dos docentes vai-se confirmando acima dos 50 anos de idade e o seu trabalho perde-se num labirinto de relatórios, grelhas e fichas que os descentram do essencial e lhes consomem o tempo que deveria ser seu e com os seus.

O desgaste/envelhecimento do corpo docente e o crescimento do monstro burocrático são dois dos mais sérios problemas com que se defronta a educação. O primeiro só pode ser resolvido com a entrada acentuada de novos profissionais e com a aprovação de um regime específico de aposentação para os docentes; o segundo implica aliviar o trabalho dos docentes de tudo o que não é essencial para educar e ensinar.

É neste contexto que urge repensar o que é, efetivamente, fundamental na ação dos docentes e eliminar ou atribuir a outros profissionais o que aí não caiba. O ponto de partida para a reflexão podem ser as “20 medidas de desburocratização interna das escolas” anunciadas, no dia 21 de julho, pelo Governo da República. O mais importante é o reconhecimento de que os docentes não podem continuar enredados num emaranhado de tarefas que os esgotam e lhes roubam o tempo necessário para se concentrarem no trabalho pedagógico com os alunos/as crianças. Se as escolas vão funcionando sem grandes sobressaltos, se as ofertas formativas são variadas e de qualidade, se o sucesso da maioria dos alunos/crianças é uma realidade, muito se fica a dever ao labor oculto dos profissionais da educação, que, conscientes das suas responsabilidades e imbuídos de um espírito altruísta, levam trabalho para casa e prolongam os seus horários pela noite dentro e pelos fins de semana. É certo que é um trabalho invisível aos olhos do grande público, mas vai deixando marcas profundas e é bem sentido por todos os familiares.

O Sindicato dos Professores da Madeira vem alertando para esta realidade e continuará a fazê-lo, com mais intensidade, ao longo dos próximos tempos, certo de que os docentes não podem continuar perdidos no labirinto burocrático, como se não fosse possível outra realidade. Para isso, apresentará propostas concretas à SRE e com ela negociará medidas que recentrem o exercício profissional docente no que é essencial.

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