Os professores destacados constituem a espinha dorsal de organizações regionais que prestam serviços imprescindíveis à nossa sociedade
Com mais ou menos frequência, todos acabamos por ter problemas na garganta causados por patologias diversas. No entanto, porque não sou entendido em questões da saúde, não falarei aqui desses problemas. Referir-me-ei, antes, a problemas de outra natureza e com sintomatologia bem diferente: as irritações provocadas nas gargantas de algumas pessoas por uma espinha que não conseguem arrancar: os professores destacados.
Vá lá, sem se saber porquê, irritam-se a tal ponto com as vidas alheias de gente respeitável, que, além da indisposição geral, chegam a ficar afónicos com tanto esforço gutural. Pois bastava-lhes ler o artigo «434 docentes destacados no ano letivo 2021/2022» da jornalista Ana Luísa Correia, publicado, no passado dia 8, no DN. Com exceção da manchete, exageradamente sensacionalista, está lá tudo explicadinho, basta ter capacidade de leitura para uma página e meia (páginas 4 e 5).
Feita essa leitura, qualquer pessoa intelectualmente séria não deixará de constatar que os professores destacados constituem a espinha dorsal de organizações regionais que prestam serviços imprescindíveis à nossa sociedade, entre outras: clubes e associações desportivas, casas do povo, centros de atividades ocupacionais, autarquias, direções regionais, sociedades de desenvolvimento, instituições particulares de educação e ensino, museus, bibliotecas, orquestras filarmónicas, grupos de música tradicional, instituições de ensino superior e, residualmente, associações sindicais e sindicatos.
Por tudo isto, atrevo-me a tirar duas conclusões:
1. Sem estes professores destacados, a sociedade madeirense regrediria a vários níveis, nomeadamente, desportivo, social, cultural, educativo e, no caso concreto dos professores, a nível profissional.
2. Os 12 milhões, bombasticamente anunciados na manchete do DN, mais do que um gasto, são um investimento a valores muito módicos, já que a maioria dos professores destacados se desdobra numa multiplicidade de funções que, se fossem abertos concursos de contratação para os substituir, em muitos casos, seriam necessários dois técnicos.
Por fim, uma nota objetiva quanto à realidade dos destacamentos para o Centro de Formação do SPM: os 3,7 horários atribuídos (uns a tempo inteiro, outros, parcial) são, anualmente, justificados por longos relatórios que, no ano transato, incluíram, por exemplo, formações para 955 docentes e milhares de atendimentos prestados a colegas sobre os mais diversos problemas profissionais. Ora, não podemos esquecer que a responsabilidade da formação profissional é da entidade patronal e, se os sindicatos não prestassem ajuda aos colegas, os serviços da SRECT entrariam em rutura, sendo necessário contratar mais funcionários.
Não é, pois, por mero interesse corporativo que o SPM defendeu, defende e continuará a defender os destacamentos destes professores.