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Madeira segura – Afasta-te dela, Covid

Será que os nossos vizinhos canários também criaram uma aplicação para inglês ver?

Há dias, fui surpreendido pelo desagrado de um estudante universitário da área das engenharias informáticas que me dizia não compreender o abuso do uso de termos ingleses em muitas cadeiras, tanto mais que muitos deles têm já tradução consagrada em português. Disse, também, que este abuso é ainda mais escandaloso em professores que não se cansam de repetir que estudaram em países anglófonos.

Lembrei-lhe que, infelizmente, esse vírus tem-se alastrado, nas últimas décadas, sem que os responsáveis políticos se tenham preocupado em desenvolver uma vacina para o combater. Por isso, tem-se espalhado por todo o lado, sobretudo nos palcos onde se pavoneiam as elites políticas e financeiras do país. Um dos mais recentes exemplos disso foi a audição do presidente do Novo Banco na Assembleia da República, no passado mês de setembro. Às tantas, não se percebia se estava no parlamento português ou inglês, não deixando dúvidas de que manipula com tanto à-vontade a língua inglesa como as artes de transformar o dinheiro dos portugueses em proveito próprio e de quem representa.

Daqui, a conversa com aquele estudante, também ele falante fluente da língua inglesa, foi parar às aplicações usadas no continente e na Madeira para rastrear a propagação do vírus SARS-COV-2: Stayaway Covid e Madeira Safe, respetivamente. Ambos nos questionamos sobre o porquê dos batismos desnaturados destas aplicações de criação nacional e para consumo em território português. É evidente que, mesmo sem nunca o termos ouvido, conhecemos o argumento que nos dirão ser óbvio no caso regional: É para os turistas perceberem e para lhes passar uma imagem de segurança sanitária, uma forma de promover a Madeira a quem vem de fora. Que pobre argumento! A Madeira estará relativamente segura e, por isso, inspirará confiança em que nos visita, enquanto todos formos responsáveis e enquanto a sorte nos proteger.

E no continente, o argumento é o mesmo? Se é, está a ter um efeito contrário ao desejado, já que quem se mantém afastado do país são os turistas. Por seu lado, muitos portugueses, ao ouvirem aquele palavrão tão repetido pelos nossos políticos, entenderão que estão a ralhar com o vírus: “Se tu, ei, Covid, para aqui! Se tu, ei, Covid, para ali!”. Enfim, gritam, gritam, mas o vírus não tem medo deles e vai ganhando força.

Será que os nossos vizinhos canários também criaram uma aplicação para inglês ver? Nem pensar! Radar Covid, assim se chama ela. Está publicitada em todos os lugares dos aviões Binter que andam por cá.

Não tenho dúvidas de que este maligno vírus inglês vai continuar a causar grandes males na nossa língua muito para além do momento em que a Covid-19 estiver controlada. Urge, pois, investir na descoberta de antídotos capazes de minimizar os estragos desta praga nacional.

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