Durante a primeira semana de aulas, o SPM visitou várias escolas, realizou dois plenários sindicais, e falou com centenas de sócios, quer pessoalmente quer através das redes sociais e email. Desta forma, procurou ter um conhecimento pormenorizado do início das atividades letivas na RAM e conhecer as principais preocupações das comunidades educativas.
Constatou-se que, se houve relativa tranquilidade na maioria dos estabelecimentos, isso se ficou a dever, em grande medida, ao profissionalismo e à dedicação dos professores e educadores, que abdicaram do descanso das suas férias para poderem acompanhar os concursos de colocação dos docentes e planificar o ano em tempo record. No entanto, apesar desta calma, o que encontramos e o que ouvimos dos nossos colegas e das direções das escolas está bem longe do paraíso educativo de que falaram a SRE e alguns agentes educativos, mais preocupados em divulgar os seus supostos méritos individuais do que em analisar as questões à escala regional.
Ainda assim, reconhecemos que este início de ano letivo foi bem melhor do que outros anteriores, mas isso não ofusca a ameaça que paira sobre a classe docente, sobretudo após as alterações legislativas produzidas recentemente nos concursos de colocação e de mobilidade dos docentes e pela teimosia da SRE sobrepor o quadro da zona pedagógica único aos quadros já existentes, com as consequências nefastas e injustiças daí advindas. Bem pode a SRE apregoar que a culpa desta trapalhada é dos sindicatos, que não conseguirá enganar os que se dão ao trabalho de pensar: se os sindicatos foram contra este quadro único, porque persistiu teimosamente a SRE na sua criação para alguns e, agora, insiste em o aplicar a todos, afirmando que, assim, tudo será resolvido. O SPM não assinou nenhum acordo negocial com a SRE, porque se recusou a contribuir para a trapalhada das colocações e para a precariedade dos docentes. Jamais dará o seu contributo para que as condições profissionais destes regridam, como aconteceu agora e como se prevê que venha acontecer no próximo ano, se a SRE se mostrar inflexível nos seus propósitos. Oxalá estejamos enganados!
No entanto, os problemas e as confusões nas escolas não se resumem a esta discussão, não. Eis mais alguns deles: professores por colocar; descontentamento de comunidades educativas por não terem sido ouvidas nos processos de fusões; revolta dos educadores por serem os únicos do país a iniciar as atividades letivas sem que lhes seja dado tempo para as preparar com normalidade; turmas enormes nas escolas com mais procura, com consequências negativas para os alunos e sobrecarga de trabalho para os professores; docentes revoltados por constatarem que a tão apregoada transparência das listas graduadas não passou de mera formalidade, já que houve muitas mobilidades inexplicáveis à luz das regras em vigor; professores com esgotamento que se veem obrigados a trabalhar ou que aguardam juntas médicas há muito tempo; falta de assistentes operacionais mal resolvida por programas ocupacionais dos centros de emprego.
Agora que o ano já arrancou, é necessário começar a pensar no futuro sem que a Secretaria das Finanças continue a determinar a política educativa regional.